Nesses tempos de pandemia, um dos sentimentos que experimentamos é o medo. Medo justificado diante de uma situação que pegou todos nós de surpresa. Já aprendemos bastante depois de tanto tempo, mas os desafios permanecem e se renovam. Temos agora a chegada da vacina, indicações do retorno das aulas presenciais híbridas e a convicção que os contatos sociais continuarão necessariamente cuidadosos.
Conversar sobre essas questões com as crianças pode gerar ainda algum medo ou ansiedade... Então, me lembrei dessa dica de livro tão bacana e resgatei o texto da Fafá pra vocês. A conversa agora com os pequenos requer muita sensibilidade e a reflexão sobre a leitura precisa adaptar-se aos novos tempos. De qualquer forma, serve para entrar em contato conscientemente com o medo e comunicar que as soluções criativas são ótimas formas de lidar com ele.
Cuidem-se!
Equipe Fafá Conta (por Dani Dias)
“Se eu abrir esta porta agora…”
Ontem fui na casa da minha irmã e, como faço na maioria das vezes, levei livros pra ler pras minhas sobrinhas, já virou tradição. Tanto que uma das últimas vezes que fui lá a Liz perguntou “titi, não trouxe nada pra Liz?”. Por azar naquele dia não tinha levado nada – mandou mal, titi!
Pois dessa vez cheguei já falando “A titi trouxe livros!! Vamos ler?”. Queria ter tirado uma foto da cara dela pra vocês verem, os olhos brilharam e se arregalaram “sim!!”. E lá fomos nós pro sofá nos acomodar. Começamos com o livro “Se eu abrir esta porta agora…“, um dos últimos lançamentos do Alexandre Rampazzo, publicado pela SESI-SP e é sobre ele que vou falar aqui.
Explorando as possibilidades…
Nesse livro o autor brinca com nossa imaginação e criatividade quando estamos diante do desconhecido e com medo. Afinal, quem nunca ficou se perguntando que monstros ou fantasmas poderiam estar escondidos no escuro do quarto? Gente, eu até pouco tempo atrás imaginava que ladrões podiam entrar no meu apartamento, no primeiro andar, escalando a parede do prédio!!! No escuro e/ou com medo, nossa imaginação é um terreno fértil e tudo é possível, ainda mais pra quem é criativo, hehe.
O que pode estar nos esperando atrás de uma porta? Muitos personagens que rondam nosso imaginário, que habitam páginas de livros, que vivem nas histórias e nas nossas mentes, aguardando para nos atacar? Para tomar nosso lugar e enganar as outras pessoas? A cada página virada vem a provocação e uma possibilidade é apresentada.
Na nossa leitura a Liz encasquetou com o Saci, esse personagem que ela ainda não conhecia. “Ele quebrou o pé”, ela falou. “Pois é, o saci não tem uma perna”, eu respondi. “Ele comeu”, foi a conclusão dela, hehe.
Prosseguimos na leitura e dava pra perceber a tensão que aparecia no rosto dela cada vez que a surgia a reflexão sobre o que poderia estar atrás da porta. O final é muito legal e eu não vou dar spoiler por aqui. Mas vocês podem perceber que nenhuma criança acabou a leitura traumatizada hehe.
Olhares atentos e curiosos.
Momentos de apreensão…
e um certo alívio… ufa!
Massss, a leitura não acaba quando termina, rá!
Esse livro tem um lance muito legal de mostrar diferentes pontos de vista: oferece a quem lê a oportunidade de vivenciar também a visão de quem aguarda do outro lado da porta. O monstro/bicho/bruxa ou o que quer que seja que está lá, do outro lado, também indaga o que pode acontecer se abri-la. Ele sabe que uma criança estará lá, mas o que irão fazer juntos? E aí vem um monte de opções legais para desfazer qualquer medo que a criança possa ter levantado quando estava do outro lado da porta. O final dessa versão é bem engraçado e muito real.
Não tem como não se apaixonar por essa obra! Ela instiga, expõe problemas e pensamentos naturais da nossa natureza e apresenta respostas criativas. Essa não é a primeira vez que o Rampazzo trabalha com esse tema, outro livro dele que gosto muito é o “Este é o Lobo“, que também vale conhecer.
Além de tudo, o livro é sanfonado, o que o torna ainda mais interessante e curioso. De um lado temos a visão da criança, do outro de quem está do outro lado da porta. Terminada a leitura a Liz pediu pra ler de novo. Só que dessa vez ela quis explorar o livro sozinha e se divertiu.
Abrindo portas
Encarando os medos.
Editado: Gente!! Que tia relapsa, nem falei da Laura! Ela acompanhou a leitura, percebia as reações da irmã mais velha, as entonações da minha voz e ganhou uma leitura só pra ela depois, aconchegada no colo da titi. <3 Ela está com 6 meses, pra vocês verem que livro, quando é bom, serve a todas as idades.
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